Apresentamos quem quer comprar a quem quer vender.
E vice-versa.
Boas práticas na produção de bovinos de corte
A não-observância das recomendações constantes do correto manejo sanitário, além de comprometer a competitividade da atividade, inviabiliza o rastreamento e a certificação e coloca em risco a saúde do consumidor final e a do pessoal envolvido com o manejo dos animais. Também o uso inadequado dos produtos químicos pode resultar em contaminação do solo e da água com conseqüentes danos ambientais e econômicos.
• Seguir, rigorosamente, o calendário. • Manter assistência veterinária periódica. • Manter registro atualizado do controle sanitário, anotando-se os animais submetidos à prática sanitária, a data da ocorrência, e o número da partida, o laboratório e a data de validade do produto. • Transportar e manter as vacinas de acordo com as exigências do laboratório fabricante. • Conservar as vacinas em geladeira, a temperatura entre 2ºC e 8ºC. • Nunca congelar vacinas. • Esterilizar seringas e agulhas (fervidas). • Não utilizar desinfetantes para esterilizar as agulhas, porque os resíduos podem inativar a vacina. • Usar uma caixa de isopor com gelo para manter os frascos de vacina refrigerados ao vacinar um grupo de animais. • Aplicar as vacinas e outros produtos veterinários corretamente, atentando para o local e via de administração, dose, conforme recomendação do laboratório fabricante. • Agitar o frasco, todas as vezes que a seringa for reabastecida. • Diferentes produtos nunca devem ser combinados, a não ser que as vacinas sejam embaladas para serem misturadas subseqüentemente. • Não vacinar animais debilitados ou submetidos a atividades desgastantes, como viagens prolongadas, trabalho de parto e outros. • Não utilizar vacinas de frascos já abertos e com sobra de produto. • Após abastecer a seringa, recolocar o frasco da vacina no gelo e tampar a caixa de isopor. • Após vacinar cada grupo de dez animais, substituir a agulha por outra limpa e esterilizada (fervida). • Não vacinar nas horas muito quentes do dia e, após a vacinação, evitar movimentar os animais pelo menos durante uma ou duas horas. • Para facilitar o manejo, pode-se utilizar mais de uma vacina na mesma ocasião. • Vacinar contra a febre aftosa seguindo, rigorosamente, a orientação do órgão de defesa sanitária estadual. • Vacinar contra a brucelose todas as fêmeas de três a oito meses de idade. A vacina contra brucelose é perigosa para quem a aplica. Portanto, deve ser administrada com a assistência de um médico-veterinário ou com os devidos cuidados na sua manipulação. • Vacinar contra carbúnculo sintomático (manqueira, mancha), com vacina polivalente, todos os bezerros de quatro a seis meses de idade, repetindo a dose um mês após e anualmente, ou segundo a recomendação do fabricante. • Vacinar contra botulismo com toxóide bivalente tipo C e D, inicialmente com duas doses aplicadas com um intervalo de um mês, a partir dos quatro meses de vida e com revacinação anual. • Vacinar contra a raiva, em áreas onde ocorre a doença. Os bezerros devem ser vacinados aos quatro meses de idade, repetindo a dose após quarenta dias e anualmente, ou de acordo com a recomendação do fabricante. Deve ser associada à vacinação dos cães, gatos e eqüídeos e ao controle de morcegos hematófagos na região. • Obedecer ao prazo de carência estabelecido para os produtos veterinários, conforme o laboratório fabricante, evitando consumo de carne e leite. • Controlar os vermes gastrintestinais, com produtos específicos e na dose recomendada pelo fabricante, do desmame até os dois anos e meio de vida, aplicando-se vermífugos nos meses de maio, julho e setembro. As vacas prenhes devem ser dosificadas em julho ou agosto e, os animais em terminação, antes de entrar na pastagem vedada para engorda ou no confinamento. • Introduzir o besouro africano Digitonthophagus gazella na propriedade o que contribui para o controle das verminoses e da mosca-dos-chifres, favorecendo ainda a incorporação de matéria orgânica no solo. • Controlar a mosca-dos-chifres com aplicação de inseticidas por meio de pulverização, imersão ou tópica pour-on, durante a estação chuvosa, quando o número de moscas começa a incomodar os animais. Deve-se usar um produto à base de organofosforados para combater também o berne e o carrapato. Devem-se tratar, principalmente, vacas em lactação, animais em crescimento e touros. • Controlar o carrapato a partir de setembro (início das chuvas), seguindo o tratamento com mais três vezes com intervalos de 21 dias. Devem se realizar tratamentos eventuais quando o número de carrapatos for maior que 50 por animal. • Observar os animais semanalmente e não tratar com baixas infestações. • Observar as condições climáticas antes de banhos carrapaticidas ou de aplicações de produtos químicos do tipo pour-on. • Os frascos vazios devem ser incinerados ou armazenados adequadamente para posterior eliminação. • Identificar as causas das diarréias e sua incidência e realizar o tratamento específico. • Eliminar/remover (incinerar, enterrar) dos pastos todo o tipo de carcaça. |
Além de complementar a importância das pastagens e da alimentação, o manejo animal adequado assegura seu bem-estar, a segurança do pessoal envolvido no seu manejo e o rastreamento e a certificação do produto final.
• Identificar e registrar a origem de todos animais adquiridos de terceiros. • Acompanhar e manter registros dos desempenhos produtivo e reprodutivo de todos os animais. • Realizar, anualmente, exame andrológico nos touros e ginecológico nas matrizes sessenta dias antes do início da estação de monta. • Estabelecer uma estação de monta de 90 a 120 dias. • Realizar diagnóstico de gestação nas matrizes, 50 dias após o início e 60 dias após o término da estação de monta. • Descartar os animais improdutivos e os de baixo desempenho. • Proceder à seleção nas matrizes, descartando as vacas vazias e aquelas que desmamaram bezerros com peso muito abaixo da média ou que apresentaram algum tipo de problema. • Concentrar em um mesmo pasto vacas no último mês de gestação. • Vistoriar, diariamente, lotes de vacas em final de gestação, assegurando que os recém-nascidos mamem o colostro, procedendo, ainda, a desinfecção do cordão umbilical desses animais com solução de iodo ou produto comercial similar. • Evitar as miíases umbilicais. • Identificar os animais, ao nascimento, com uso de brinco ou tatuagem, ou qualquer outro identificador. • Descornar os(as) bezerros(as), principalmente aqueles(as) oriundos(as) de cruzamento de raças européias e zebuínas, aos 15 dias de idade. • Transferir vacas e bezerros(as) para o pasto de cria, 15 dias após o nascimento. • Manter os bezerros(as) com as mães, no pasto de cria, até os sete meses de idade. • Desmamar os bezerros(as) aos seis e sete meses de idade. • Pesar os animais desmamados e marcá-los com ferro quente, apondo o carimbo do ano de nascimento no lado direito da cara e a marca da fazenda na perna esquerda, na região recomendada pela norma do Mapa. • Selecionar as fêmeas que serão mantidas no rebanho para a reposição, levando-se em consideração o peso ajustado para 205 dias de idade, habilidade materna mais provável, feminilidade e características raciais economicamente desejáveis, descartando-se as demais. • Manter os animais desmamados presos no curral, por dois ou três dias, com acesso à água e alimento volumoso de boa qualidade, para amansar e facilitar o manejo. • Manter os animais em recria, separados por sexo, em boas pastagens. • Everminar os animais após a desmama nos meses de maio, julho e setembro. • Fornecer aos animais desmamados, durante o período seco, um suplemento alimentar, em níveis compatíveis com o desempenho ponderal desejado. • Pesar os animais em recria/engorda, no final da estação seca e das águas. • Castrar os machos usando, preferencialmente, a torquês de Burdizo. • Manejar os animais de forma tranqüila, evitando-se ao máximo o estresse. • Deve-se evitar o uso de cachorros, paus e bandeiras no manejo dos animais. • Choques elétricos e aguilhões devem ser utilizados com moderação. |
O uso de alimentação inadequada comprometerá a competitividade do sistema de produção e poderá resultar em animais que não atendam aos padrões requeridos pelas modernas cadeias produtivas de carne bovina que são norteadas pela qualidade de produto final.
• Manter registro atualizado do programa de alimentação de todo o rebanho. • Monitorar os animais regularmente para garantir boas condições de conforto nos pastos e nas instalações. • Disponibilizar a todos os animais, durante o ano todo, água limpa e à vontade. • Manter reservas de suplemento volumoso (cana, capineira, silagem, feno e outros), para atender os possíveis déficits do período crítico do ano. • Planejar essa suplementação volumosa durante a estação chuvosa anterior. • Definir o tamanho da área destinada à produção de volumosos de acordo com a quantidade de animais a ser suplementada, a duração do período de suplementação, do consumo previsto e da produtividade esperada. • Fornecer, de acordo com os objetivos e as metas do empreendimento, suplementos protéicos/energéticos, principalmente no período crítico, para otimizar o desempenho produtivo dos animais. • Fornecer, o ano todo, à vontade, mistura mineral de qualidade para todos animais. • Utilizar na suplementação alimentar dos animais, somente produtos aprovados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). • Utilizar ingredientes de qualidade na fabricação de suplementos alimentares, livres de fungos geradores de toxinas, micotoxinas e contaminantes. • Estocar os suplementos sempre protegidos de umidade, roedores e eventuais contaminantes. • Não utilizar alimentos de origem animal na alimentação dos animais. • Não usar antibióticos como aditivo alimentar. • Não usar anabolizantes. • O uso de ionóforos e outros promotores de crescimento devem se restringir àqueles regulamentados pelo órgão competente do governo federal, e ser feito de acordo com as recomendações de uso. • Planejar a suplementação protéica/energética para o período seco durante o período das águas anterior. • Manejar, durante a estação chuvosa, o pasto a ser vedado, de modo a possibilitar disponibilidade de forragem para o período seco subseqüente. A quantidade de forragem por animal deve ser de, aproximadamente, duas a duas vezes e meia o consumo estimado. • Escolher a forragem adequada dando preferência àquelas com boa retenção de folhas. |
Manejo As pastagens são a principal fonte de alimentos dos bovinos de corte. A sua correta formação, sua recuperação/renovação e seu manejo constituem fatores vitais para a competitividade do sistema de produção. Assim, a formação incorreta e o manejo impróprio desse subsistema têm como conseqüência a não conservação ambiental e baixa possibilidade de produção de matéria-prima de qualidade.
• Manter árvores ou pequenos bosques para produzir sombra para os animais e assegurar a biodiversidade. • Utilizar práticas adequadas de conservação do solo. • Escolher a espécie forrageira considerando-se a sua adaptação ao ambiente, sua resistência/tolerância a pragas, as diferenças existentes na propriedade, a diversificação de pastagem e os objetivos do empreendimento. • Usar corretivos e fertilizantes de acordo com a análise físico-química do solo, com as exigências das forrageiras escolhidas e o nível de produtividade desejado. • Preparar adequadamente o solo de acordo com suas características físicas e topográficas, levando-se em consideração as técnicas conservacionistas. • Adquirir sementes certificadas na quantidade tecnicamente recomendada. • Fazer uso da consorciação de gramíneas-leguminosas. • Realizar o plantio levando em consideração as recomendações técnicas. • Usar a integração lavoura-pecuária sempre que possível. Manejo
• Adequar a taxa de lotação à capacidade de suporte das pastagens, evitando- se o super e o subpastejo e, conseqüentemente, a exposição do solo (erosão) e a falta de forragem para os animais. • Assegurar reserva de forragem para o período seco. • Realizar, periodicamente, reposições de nutrientes nas pastagens, usando os nutrientes de acordo com as análises de solos. • Não utilizar o fogo como prática de manejo de pastagem. • Realizar, periodicamente, limpezas nas pastagens, eliminando plantas invasoras indesejáveis. • Quando fizer uso de controle químico de invasoras, utilizar equipamentos de proteção, pessoal devidamente capacitado e seguir rigorosamente as recomendações do fabricante, evitando a contaminação dos recursos hídricos. • Assegurar que os agrotóxicos e suas embalagens não contaminem o solo e os cursos d’água. Adotar as recomendações legais para a aplicação, o manuseio e o descarte das embalagens, inclusive a tríplice lavagem. |