Embrapa - Gado de Corte


.

Boas práticas na produção de bovinos de corte
INSTALAÇÕES

Cercas
Curral
Confinamento
Cercado para creep-feeding
Cochos para suplementação de minerais
Cochos para suplementação de concentrados ou volumosos
Bebedouro
Reservatórios d’água

Instalações inapropriadas, além de colocar em risco os animais e o pessoal responsável pelo seu manejo, contribuem para a redução da competitividade e o comprometimento da qualidade da carne e do couro.

Cercas

    • Dar preferência às cercas de arame liso com uso de balancins.

    • Usar cercas eletrificadas nas subdivisões de pastagens.

    • Utilizar mourões vivos na construção de cercas.


Curral
    • Localizar o curral numa posição central da propriedade, em um terreno firme e seco, preferencialmente plano e bem posicionado em relação à sede e às invernadas.

    • Revestir o terreno com uma camada de cascalho compactada.

    • O curral deve ser dimensionado de acordo com o número de animais que será reunido e trabalhado.

    • Fazer uma planta baixa detalhada para facilitar a demarcação e construção do curral.

    • Dar preferência para a forma circular ou elíptica.

    • Posicionar o curral com orientação Leste/Oeste, em seu maior eixo.

    • Construir um curral com, no mínimo, os seguintes componentes: curral de espera ou depósito; seringa; brete; tronco de contenção; balança; galpão de cobertura; apartadouro; currais de aparte e embarcadouro. É recomendável a instalação de um brete carrapaticida, especialmente para rebanhos de animais com "sangue europeu".

    • O curral, o brete e o tronco devem ser bem arejados e com boa drenagem.

    É importante ser funcional, resistente e que ofereça segurança ao homem e aos animais.

    • Utilizar na construção, de preferência, madeira, com palanques de alta resistência e durabilidade (aroeira ou itaúba) e as réguas de madeira resistente ao impacto (ipê, itaúba, faveiro e outras). Na impossibilidade do uso desses materiais, utilizar palanques de eucalipto tratado ou mourões pré-moldados de concreto e cordoalha de aço nas cercas do curral.

    • Cuidar para que, após a construção, lascas, pontas de parafusos e demais ferragens não fiquem salientes.

    • O embarcadouro deve ser construído de forma a facilitar a entrada dos animais.

    • Manter o curral sempre limpo.


Confinamento
    • As instalações para confinamento devem possuir os seguintes componentes: um centro de manejo dos animais, área para produção e preparo dos alimentos e área para os currais de engorda.

    • O centro de manejo destina-se à recepção e preparo dos animais que entrarão no confinamento. Deve ter curral com brete, balança e apartador, onde os animais serão vacinados, everminados e pesados.

    • A área de alimentação inclui as áreas para produção de alimentos (milho, capineiras e outros), de armazenamento e conservação (armazéns para sacaria, fenis, silos graneleiros e forrageiros), de preparo dos alimentos (galpão para misturador, moedor, picador e balança).

    • Manter essas áreas sempre limpas e livres de insetos e roedores.

    • Os currais ou piquetes de engorda devem ter área de 15 a 20 m²/cabeça.

    O piso deverá ser cascalhado e compactado com uma declividade mínima de 3%. As cercas divisórias devem ter, no mínimo, 1,80 m de altura e podem ser feitas de arame liso, cordoalha, tábuas e outros.

    • Os cochos de alimentação devem ficar na parte frontal do piquete e podem ser construídos de diferentes materiais, como tambores, concreto prémoldado, madeira e outros, desde que possam conter o volume de alimentos que serão oferecidos aos animais.

    • Promover o tratamento dos dejetos para utilização como adubação orgânica.


Cercado para creep-feeding
    • Deve ser localizado junto às áreas de descanso das vacas (malhadouro), às aguadas, ou nas proximidades do cocho de sal.

    • Possuir área de 1,5 m²/cria, deixando espaço de 2 m entre o cocho e a cerca, para circulação.

    • Cercado com postes de madeira espaçados de 2 m e com seis a oito fios de arame liso esticados com catracas.

    • Possuir acesso de entrada exclusiva aos bezerros: 0,40 x 1,20 m, com esteios fincados bem firmes.

    • Número de entradas: quatro para 50 bezerros e 8 para 200 bezerros; 

    • Cocho com comprimento de 0,10 m/cria e largura possibilitando a alimentação de dois animais (um de cada lado), ao mesmo tempo.


Cochos para suplementação de minerais
    • Podem ser construídos de madeira serrada (30x30 cm), escavados em toras, de concreto ou fibra.

    • Devem ser cobertos para evitar que a mistura mineral seja desperdiçada pela chuva.

    • Devem estar posicionados na pastagem de tal forma que permita pelo menos uma visita diária dos animais.

    • Devem possuir um tamanho que disponibilize 5 cm lineares de cocho por cabeça de animal adulto a ser suplementado.


Cochos para suplementação de concentrados ou volumosos
    • Devem ser mais largos (40 x 50 cm) do que os de minerais.

    • Disponibilizar 40 cm lineares para bezerros desmamados e 70 cm para animais adultos.

    • Podem ser construídos de diferentes materiais, tais como: madeira serrada, concreto pré-moldado ou até mesmo tambores de plásticos cortados longitudinalmente.

    • No caso de suplementação em pasto, é interessante que os cochos sejam leves para facilitar as mudanças de locais.


Bebedouros
    • Devem ser instalados nas pastagens, preferencialmente nos cruzamentos de cercas, servindo a duas ou mais subdivisões.

    • Podem ser construídos de diferentes materiais, como: alvenaria, chapas galvanizadas, concreto pré-moldado e outros.

    • Devem ter, ao redor, uma camada de cascalho, ou similar, compactada para evitar a formação de lama e atoleiros.

    • O número e a distribuição dos bebedouros varia em função da área das pastagens e a sua capacidade deverá ser calculada em função do número de animais a serem atendidos, considerando o consumo de 50 a 60 litros de água/UA/dia.

    • Evitar o uso de aguadas naturais, com o objetivo de melhor conservação ambiental.


Reservatórios d’água
    • Devem ser, preferencialmente, localizados nos pontos altos que permitam a distribuição d’água por gravidade. No caso de áreas planas ou com pequena declividade, justifica-se elevar o local de instalação por meio de aterro nivelado e compactado.

    • Podem ser construídos de alvenaria ou chapa metálica.

    • A capacidade do reservatório será calculada em função do número de bebedouros que serão alimentados, prevendo-se inclusive uma margem de segurança para os casos de reparos no sistema de captação e elevação d’água.


sumário     anterior     posterior




boas práticas na produção de bovinos de corte
ANIMAIS
    • O uso de animais adequados é fundamental para o sucesso do empreendimento.

    • A não observância desse ajuste pode inviabilizar economicamente o sistema de produção e contribuir para a degradação das pastagens e erosão do solo.

    • Utilizar matrizes e reprodutores de bom padrão zootécnico, adaptados à região, ao sistema de produção e ao mercado, e submetidos a rigoroso controle sanitário.

    • Adquirir apenas reprodutores procedentes de rebanhos submetidos a programas de melhoramento genético e a rigoroso controle sanitário.


sumário     anterior     posterior


boas práticas na produção de bovinos de corte
ESCOLHA DA ÁREA

Recursos naturais
Solos
Água

A bovinocultura de corte é uma atividade que, por se ajustar às diversas condições verificadas no Brasil, é realizada em todo o território nacional. 

No entanto, para que ela seja conduzida de modo a atender às demandas impostas pela sociedade moderna, recomenda-se que a sua implantação e sua condução sejam feitas observando-se as restrições existentes no código brasileiro referentes às reservas legais e às áreas de proteção ambiental.

É importante, ainda, que essas atividades utilizem as informações referentes ao zoneamento agrícola. Nesse aspecto, ressalta-se que a escolha de área inadequada resultará em prejuízos de rentabilidade do sistema, além de comprometer a integridade do ambiente com conseqüentes prejuízos sociais e ambientais.

Recursos naturais

    • Observar a legislação vigente com relação às reservas legais.

    • Observar as distâncias mínimas, do curso de água, requeridas para manutenção de matas ciliares.

    • Garantir a proteção da fauna e da flora.

    • Garantir a conservação da matas de galeria.

    • Observar as recomendações existentes nos mapas de aptidão agrícola.


Solos
    • Classificar as áreas da propriedade, de acordo com sua aptidão agrícola.

    • Realizar levantamento das condições físicas, químicas e topográficas das diversas glebas que compõem a propriedade.


Água
    • Realizar levantamento dos recursos hídricos, sua distribuição espacial na propriedade e a possibilidade do seu uso na produção de bovinos.

    • Garantir a proteção de nascentes.

    • Proteger mananciais, especialmente, rios, lençol freático e aguadas naturais.

    • Monitorar, periodicamente, a qualidade da água.


sumário     anterior     posterior



boas práticas na produção de bovinos de corte
INTRODUÇÃO

A pecuária de corte, apesar de ser uma atividade que se encontra difundida em todos os Estados brasileiros, apresenta níveis médios de produtividade muito abaixo do potencial. Todavia, as pressões impostas pela globalização da economia exigem do setor, assim como de todos os outros setores produtivos, uma reestruturação fundamentada na eficiência.

A exposição dos mercados dos diversos países a essa competitividade globalizada fez com que a necessidade de se produzir de forma eficiente e eficaz se tornasse, em muitos casos, sinônimo de sobrevivência ou permanência no negócio. Na tentativa de atender a essa demanda, os segmentos produtivos têm procurado se ajustar estabelecendo novos paradigmas, inovando e aprendendo a empregar a visão holística.

A partir da década de 1960, o mundo presenciou nova transformação, iniciada nos Estados Unidos, e que foi denominada "Revolução Verde". Esse movimento caracterizou-se pelo aumento da produtividade por meio do uso intensivo de insumos agrícolas e maquinarias, e perdurou até o início dos anos 1990, quando a eficiência da produção, fundamentada em parâmetros mais abrangentes, começou a nortear a atividade de pecuária de corte. Tal eficiência engloba não só os aspectos econômicos, mas também requer a conservação ambiental e o uso mais adequado dos recursos genéticos vegetais e animais.

Recentemente, a essa demanda por eficiência, associou-se à necessidade de se ter um produto final com qualidade resultante de cadeias produtivas competitivas, socialmente justas, ambientalmente corretas e rentáveis, isto é, cadeias produtivas sustentáveis na concepção ampla do termo.

Essas transformações, no entanto, começam a ser questionadas sob vários aspectos, especialmente, após os acontecimentos recentes caracterizados pelo retorno de determinadas doenças há muito controladas, como a febre aftosa, na Europa e na Argentina, e o surgimento de outras, especialmente, a encefalopatia espongiforme bovina, ou doença da "vaca louca".

Essa situação, combinada com a oferta de subsídios fornecidos pelos países desenvolvidos aos seus produtos agropecuários, sinaliza como única possibilidade de competição, ou mesmo inserção efetiva do Brasil no mercado internacional, a oferta de produtos com diferencial de qualidade. Essa qualidade deverá, além dos fatores intrínsecos do produto, associar fatores ambientais e de redução de risco para a saúde humana.

Nesse cenário, a competitividade tornou-se elemento fundamental para o setor pecuário de corte e, com ela, surgiu a necessidade de se disponibilizar, para o mercado consumidor, produtos que sejam de qualidade e apresentem preço acessível.

Dentre os diversos fatores que contribuem para o recrudescimento desse problema, merece destaque a falta de oferta de produto de qualidade, com padronização e de forma contínua durante o ano todo.

Nesse contexto, as inserções das chamadas boas práticas de produção, além de úteis, podem se constituir em estágio inicial de uma produção que, além de adotar o plano de gestão com Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC-Campo), tem controle de qualidade e certificação.

As recomendações contidas neste Manual de Boas Práticas Agrícolas podem ser adotadas pelos diversos sistemas de produção existentes no Brasil, ressaltando-se a necessidade de que se observem a Legislação Ambiental, a Legislação Trabalhista, o Estatuto da Criança e do Adolescente vigentes, bem como os princípios éticos de igualdade salarial entre trabalhadores e trabalhadoras rurais.


sumário     anterior     posterior


boas práticas na produção de bovinos de corte
RESUMO

A pecuária de corte, apesar de ser uma atividade que se encontra difundida em todos os estados brasileiros, apresenta níveis médios de produtividade muito abaixo do potencial. Todavia, as pressões impostas pela globalização da economia exige do setor, assim como de todos os outros setores produtivos, uma reestruturação fundamentada na eficiência.

A exposição dos mercados dos diversos países a essa competitividade globalizada, que se observa nos últimos anos, fez com que a necessidade de se produzir de forma eficiente e eficaz se tornasse, em muitos casos, sinônimo de sobrevivência ou permanência no negócio. Na tentativa de atender a essa demanda, os segmentos produtivos têm procurado se ajustar estabelecendo novos paradigmas, inovando e aprendendo a empregar a visão holística.

Nesse cenário, a competitividade tornou-se elemento fundamental para o setor pecuário de corte e, com ela, surgiu a necessidade de se disponibilizar, para o mercado consumidor, produtos que sejam de qualidade e apresentem preço acessível.

Dentre os diversos fatores que contribuem para o recrudescimento desse problema merece destaque a falta de oferta de produto de qualidade, com padronização e de forma contínua durante o ano todo. Além disso, a produção tem de ser conduzida em sistemas de produção sustentáveis, ambientalmente corretos e socialmente justos.

Nesse contexto, a inserção de boas práticas de produção, além de úteis, podem se constituir em estágio inicial de uma produção com controle de qualidade e com certificação.

Palavras-chave: bovino de corte, sistema de produção, recomendações técnicas.


sumário     posterior



boas práticas na produção de bovinos de corte
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

AGUIRRE, J. de; GHELFI FILHO, H. Instalações para bovinos. Campinas: CATI, 1989. 106 p.

ANDREOTTI, R.; GOMES, A.; PIRES, P. P.; RIVERA, F. E. B. Planejamento sanitário de gado de corte. Campo Grande: EMBRAPA-CNPGC, 1998. 31 p. (EMBRAPA-CNPGC. Documentos, 72).

CARDOSO, E. G. Engorda de bovinos em confinamento. Campo Grande: EMBRAPA-CNPGC, 1996. 36 p. (EMBRAPA-CNPGC. Documentos, 64).

CARDOSO, E. G.; SILVA, J. M. da. Silos, silagem e ensilagem. Campo Grande: EMBRAPA-CNPGC, 1995. 6 p. (EMBRAPA-CNPGC. CNPGC Divulga, 2).

CARNEIRO, O. Construções rurais. 7. ed. São Paulo: Cupolo, 1972. 719 p.

COCHO o prato do boi. [S.l.]: Tortuga, [199-?]. 10 p.

CORRÊA, A. N. S. Gado de corte: o produtor pergunta, a Embrapa responde. Brasília: EMBRAPA-SPI, 1996. 208 p. (Coleção 500 perguntas, 500 respostas).

CORRÊA, E. S.; ARRUDA, Z. J. de. Avaliação preliminar do sistema de produção de gado de corte implantado no CNPGC período: 1983/84 a 1986/87. Campo Grande: EMBRAPA - CNPGC, 1988. 130 p. (EMBRAPA-CNPGC. Documentos, 38).

CORRÊA, E. S.; VIEIRA, A; COSTA, F. P.; CEZAR, I. M. Sistema semi-intensivo de produção de carne de bovinos Nelore no Centro-Oeste do BrasilCampo Grande: Embrapa Gado de Corte, 2000. 51 p. (Embrapa Gado de Corte. Documentos, 95).

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte. Vacine corretamente e garanta a saúde do seu rebanho. Campo Grande, 1998. 5 p. (EMBRAPACNPGC. Gado de Corte Divulga, 30).

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte. Suplementação de bezerros de corte. Campo Grande, 1995, 5 p. (EMBRAPA-CNPGC. CNPGC Divulga, 11).

EMBRATER. Manual técnico para criação de gado de corte em Mato Grosso. Campo Grande, 1978. 89 p.

EUCLIDES, V. P. B. Algumas considerações sobre manejo de pastagens. Campo Grande: EMBRAPA-CNPGC, 1994. 31 p. (EMBRAPA-CNPGC. Documentos, 57).

EUCLIDES, V. P. B.; EUCLIDES FILHO, K. Uso de animais na avaliação de forrageiras. Campo Grande: EMBRAPA-CNPGC, 1998. 59 p. (EMBRAPACNPGC. Documentos, 74).

GARCIA-VAQUEIRO, E. Diseño y construcción de alojamientos ganaderos. 7. ed. Madri: Mundi-Prensa, 1979. 248 p.

MYRRHA, M. A. de L. Guia de construções rurais à base de cimento. São Paulo: ABCP, [19—]. 114 p. (Benfeitoria de uso geral, 1).

MYRRHA, M. A. de L. Guia de construções rurais à base de cimento. São Paulo: ABCP, [19—]. 62 p. (Benfeitoria para bovinocultura, 3).

NUNES, S. G. Saleiros automáticos para bovinos. Campo Grande: EMBRAPACNPGC, 1984. 27 p. (EMBRAPA-CNPGC. Circular Técnica, 17).

NUNES, S. G.; MARTINS, C. S. Curral para bovinos de corte "módulo 500". 2. ed. rev. ampl. Campo Grande: EMBRAPA-CNPGC, 1991. 66 p. (EMBRAPACNPGC. Circular Técnica, 10).

ROCHA, J. L. V.; ROCHA, L. A. R.; ROCHA, L. A. R. Guia do técnico agropecuário: construções e instalações rurais. Campinas: INSTITUTO CAMPINEIRO DE ENSINO AGRÍCOLA, 1982. 158 p.

RUIZ, M. E.; THIAGO, L. R. L. de S.; COSTA, F. P. Alimentação de bovinos na estação seca: princípios e procedimentos5. reimp. Campo Grande: EMBRAPACNPGC, 1997. 81 p. (EMBRAPA-CNPGC. Documentos, 20).

SCHENK, M. A. M.; PIRES, P. P.; ANDREOTTI, R.; GOMES, A. O manejo sanitário em bovinos de corte (do nascimento ao desmame). Campo Grande: EMBRAPA-CNPGC, 1996, 5 p. (EMBRAPA-CNPGC. Comunicado Técnico, 48).


sumário     anterior